quinta-feira, 24 de setembro de 2009

8º encontro

19 de setembro

Continuando os estudos do TP 5

Iniciamos o encontro com a exibição de um vídeo “ Mais um tijolo no muro” tradução da música Another Brick in the wall, uma adaptação do filme Pink Floyd- The wall.

O vídeo nos levava a refletir sobre o que faz um professor marcar a vida dos alunos, fizemos uma viagem por várias décadas para entendermos a evolução da sociedade e o quanto a figura do educador é importante no cenário atual.

Após a reflexão iniciamos o estudo da Coerência e da Coesão textual, fazendo uma analogia ao vídeo exibido e concluindo com a leitura do texto da p. 69.

Dando continuidade iniciamos os estudos com a apresentação de slides: A coerência na inter-relação entre textos verbais e não verbais e assim exploramos a unidade 18, especialmente as páginas71 a 73, e 91.

O trabalho em sala de aula sobre a coerência e a coesão textual ainda é meio tímido, isso porque os professores sentem uma necessidade de aprofundar o conhecimento e de elencar estratégias que facilitem o entendimento por parte dos alunos nas produções textuais e a partir dessa constatação resolvi explorar o AAA5,uma vez que há ótimas sugestões de atividades que certamente facilitarão a prática em sala de aula.( tenho percebido pouca exploração dos AAAs e comentei com os cursistas, embora já prevendo que a justificativa seria o tempo escasso).

Como proposta de trabalho, que, aliás, é uma ótima estratégia para os alunos perceberem o que é coerência e coesão, dividi a turma em cinco grupos e a cada um determinei uma pergunta a ser respondida, afim de que produzissem um texto coletivo. O tema: A degradação do meio ambiente, a tipologia textual: narrativa. Eis as perguntas

GRUPO A - O que aconteceu?
GRUPO B - Onde aconteceu?
GRUPO C - Quando aconteceu?
GRUPO D - Quem foram os envolvidos?
GRUPO E - Qual foi o desfecho da história?

Adaptação da proposta postada no Blog Os cegos e os elefantes.

Os grupos se dispersaram e após o intervalo fizemos a socialização das respostas, e aí a surpresa. O texto que era pra ficar meio incoerente, saiu melhor que se fosse produzido individualmente, tal foi a unidade de sentido que se estabeleceu. Vamos ao texto:

GRUPO A - O que aconteceu?

Um incêndio devastou toda a floresta, dizimando inúmeras espécies animais e vegetais. A catástrofe de dimensão incalculável sensibilizou a população mundial.

GRUPO B - Onde aconteceu?

Este terrível desatre ambiental ocorreu na Serra da Cantareira, local de imensa beleza, com flora e fauna exuberante, um dos mais belos cartões-postais do país.


GRUPO C - Quando aconteceu?

E foi justamente naquela primavera maravilhosa de 2007, em que as árvores floridas coloriam aquele lugar,onde e eu jamais pensei que tudo começaria com aquela bituca de cigarro jogada por mim,sem pensar que algo tão insignificante pudesse causar tamanha devastação.

GRUPO D - Quem foram os envolvidos?

Os animais e os moradores das proximidades sofreram com os danos causados pelo incêndio.

GRUPO E - Qual foi o desfecho da história?

Pois é! Muita coisa mudou por causa desse acontecimento: no sertão agora cai neve,as chuvas por lá são freqüentes, a Amazônia virou plantio de soja. E o sul? Virou sertão.Enfim estamos colhendo o que plantamos!!!


A natureza não fica sem resposta
Um incêndio devastou toda a floresta, dizimando inúmeras espécies animais e vegetais. A catástrofe de dimensão incalculável sensibilizou a população mundial.
Este terrível desastre ambiental ocorreu na Serra da Cantareira, local de imensa beleza, com flora e fauna exuberante, um dos mais belos cartões-postais do país.
E foi justamente naquela primavera maravilhosa de 2007, em que as árvores floridas coloriam aquele lugar,onde e eu jamais pensei que tudo começaria com aquela bituca de cigarro jogada por mim,sem pensar que algo tão insignificante pudesse causar tamanha devastação
Os animais e os moradores das proximidades sofreram com os danos causados pelo incêndio.
Pois é! Muita coisa mudou por causa desse acontecimento: no sertão agora cai neve, as chuvas por lá são freqüentes, a Amazônia virou plantio de soja. E o sul? Virou sertão. Enfim estamos colhendo o que plantamos!!!


Vânia,Rossana,Nielson, Cássia, Kátia,Célia,Carmem,Micheline,Ana Cristina,Wedna Cristina, Fernanda.

Os risos que deveriam acontecer por causa da estranheza do texto a ser formado, aconteceram justamente porque a sintonia do grupo foi perfeita. O incêndio foi geral!!!
Isso é que é entrosamento!

Mais uma atividade, agora do AAA. Em grupo os professores, enumerariam o texto Uma história sem pé nem cabeça. p. 75 do AAA5.
Mais uma vez exploramos o AAA para verificarmos as muitas atividades que podem ser aplicadas em sala de aula.

E para aprofundar ainda mais o estudo apresentei os slides do material da formação Propagandas e Revistas, objetivando reconhecer a criatividade dos textos e como eles estabelecem uma relação de coerência.
Os slides Frases de jornais também serviram de estudo para que se percebesse a incoerência dos textos e que modificações deveriam ser feitas para corrigi-los.

Finalizei estabelecendo prazos para a apresentação do esboço do projeto. ( nesse aspecto os professores não avançaram muito, pela mesma razão da pouca exploração dos AAAs: falta de tempo)

Quanto a vivência do Avançando na prática, há de fato mudanças na metodologia aplicada e na próxima postagem registrarei algumas produções e imagens dos trabalhos desenvolvido



A Educação é um processo social,é desenvolvimento,não é a preparação para a vida, é a própria vida.
John Dewey
Um dia de muito estudo- Oficina de oito horas
09 de setembro

Abertura : Abraço Mineiro
Exibição do vídeo: O saber e o sabor – reflexão e comentários
Iniciando o estudo do TP 5 Unidade 17
• Leitura da página 13 e 14 - TP 5
• Leitura dos Objetivos da Unidade
• Fazendo uma análise estilística da canção Valsinha- Chico Buarque
• Intervalo
• Uma abordagem sobre paradigma e sintagma
• Trabalho coletivo – Traduzir-se – Ferreira Gullar
• ALMOÇO
• Dinâmica – uma lembrança entregue com estilo
• Trabalho em grupo Analise estilística com socialização: Música Amor e Sexo Rita Lee/Roberto de Carvalho/Arnaldo Jabor
• O Projeto
• O Portfólio
• Tarefa de casa ( Avançando na Prática)
Com a leitura da Unidade 17 do TP 5 ficou claro que fazer uma análise estilística de um texto vai muito além de dividir as sílabas poéticas, trabalhar rimas, versos e estrofes.
A música de Chico Buarque Valsinha foi o texto trabalhado, com o objetivo de reconhecer os aspectos estilísticos:

VALSINHA
De: Vinícius – Chico Buarque

Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto convidou-a pra rodar
Então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado, cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se ousava dar
E cheios de ternura e graça foram para a praça e começaram a se abraçar
E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanto felicidade que toda cidade se iluminou
E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouviam mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu
Em paz

Primeiro fiz comentários sobre a memória discursiva.
Valsinha, uma canção de Chico Buarque de Holanda dedicada a um movimento social dos anos 70 denominado hippie, pregava a liberdade de ação do indivíduo. Essa prática levava as pessoas a agirem livremente e sem preconceito no período de repressão do Governo Militar.Normalmente, seus seguidores viviam em grupos, preconizavam o amor,aboliam a discriminação racial e faziam sexo livremente, isento de condenação. A alusão que Chico faz ao movimento é figurada na performance de um casal que, “um dia“, muda a sua conduta e toma outro rumo na vida. A homenagem a esse evento de vanguarda retrata metaforicamente o lirismo vivido por seus integrantes como artifício para fugir da censura política. A Estrutura do texto também foi discutida e assim fomos cada vez nos aprofundando na leitura :Valsinha é estilisticamente um poema. Além de sua estrutura poética,possui a narrativa, o que faz dela um mini conto, pois possui um só núcleo. Sua narração começa em um momento qualquer (um dia) e as ações são introduzidas seqüencialmente até chegar a um fim esperado.Por isso, a narração é heterodiegética, centrada no narrador. Com o foco narrativo na 3.ª pessoa, o narrador vê tudo à distância e conduz o fato sem interferir na história. Assim, o ele controla todo o saber, sem limitações de profundidade externa ou interna, em todos os lugares ou em todos os tempos. Em resumo, o texto é narrado por um narrador onisciente. Quanto aos Marcadores da narrativa e da oralidade, O texto apresenta conjunções como marcadores da oralidade, nas quais o narrador apóia-se para ustentar sua narrativa. Ex. e..., e..., pra...,depois..., então...Como marcadores da narrativa destacam-se o tempo (um dia, muito tempo), o espaço (num canto, praça, cidade, o mundo) e os verbos que cumprem sua função nas modalidades de pretérito perfeito e Imperfeito: “Chegou...”, “diferente...”, Olhou-a ...”, “costumava ...”, “maldisse...”
Esse foi o aspecto que mais demoramos na reflexão, uma vez que percebemos o quanto é prazeroso e significativo trabalhar a gramática de forma contextualizada. Em seguida verificamos a instância lexical e identificamos as palavras mais sedutoras: “quente..., bonita..., decotado..., ternura...,beijos loucos”,Palavras mais próximas semanticamente: “A guardado... esperar;Há... muito tempo; ternura... graça; despertou... iluminou; gritos...ouvir; compreensão... paz; maldisse... falar; só... canto; bonita... ousar;tanto... tantos; dança... rodar.”Palavras mais distantes semanticamente: chegou... foram;maldisse... paz; diferente... sempre; só... abraçar.Por conta do entendimento semântico de Valsinha, que retrata uma ação diferente do passado e nos remete à idéia de aproximação, há poucas palavras que se contrapõem no sentido de distanciamento.Indo ainda mais longe, ampliamos o conhecimento quanto ao eixo paradigmático da canção.
Do ponto de vista sintático, destacamos os sujeitos presentes na
canção (SN – sintagma nominal) e seus respectivos predicados (SV –
sintagma verbal). Na primeira fase da apresentação o SN é o pronome
definido ELE. Na segunda, ELA. Finalmente OS DOIS. Há, também, outros
SN que são introduzidos no enredo e fazem parte do contexto, sem
importância central. São eles: Toda a Cidade...; A vizinhança...; Beijos
loucos...; Gritos roucos...; O mundo...; O dia.
Mas o eixo paradigmático da canção é marcado pelo SV, mais
notadamente com a presença dos verbos terminados em AR, como por
exemplo: “chegar...; Olhar...; Rodar; Ousar etc.

E finalmente falamos sobre Métrica
Tomando como exemplo os quatro últimos versos, podemos escandi-los e
dar nomes aos metros da seguinte forma:

1 2 3 4 5 6 7 Definição
tan tos gri tos rou cos Redondilha menor
co mo não Se o u vi a mais redondilha maior
que o mun do com preen deu hexassílabos
e o di a a ma nhe Céu em paz Redondilha maior

Explorando ainda mais identificamos as Metáforas;
A canção é inteiramente metaforizada. Algumas metáforas mais
expressivas podem ser destacadas facilmente na canção.
Metáfora Sentido semântico
Vestido decotado =Camisola.
Cheio de ternura =Cheio de desejos, volúpia.
Foram para a praça= Foram para a cama.
Só num canto =Abandonada.
Pra rodar =Fazer amor.
Cheirando a guardado= Engavetado.
Dançaram tanta dança= Fizeram muito sexo – Jogo do amor.
O mundo compreendeu= A felicidade é transparente.

Falamos também sobre o Jogo das pressuposições, tão importante para compreensão do texto,Tomando como exemplo o seguinte verso: “um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar”. Por esse verso pressupõese
que antes do movimento hippie os sentimentos femininos em relação à liberdade sexual eram mais reprimidos. A manifestação de desejos e emoções em relação à vida sexual não se dava de maneira explícita. Com o seu surgimento, as relações humanas sofreram uma mudança brusca de comportamento, principalmente afetivo. A partir daí, os sentimentos e desejos são mais encorajados pelo prazer, sem censura, sem repressão
ou sem estado de culpa. A liberdade nele presente permitiu transformar
sentimentos que antes eram introspectivos e ocultos em demonstrações mais eróticas.
E por último a questão da rima.
As rimas de Valsinha parecem ser simples, tendo a presença dos verbos
terminados em “AR” na primeira estrofe de cada verso. A segunda estrofe
não apresenta a mesma simetria da primeira, variando a terminação sem
preocupação com a rima. Mas, nem por isso não podemos afirmar que as
rimas que se apresentam na canção não são muito sofisticadas. Elas
existem certamente em diversas instâncias, principalmente em um
recurso raramente encontrado em cançõs: são as rimas toantes internas.
A seguir, destacamos alguns pares dessas rimas:
Canto Grande
Sempre Tempo
Quanto Espanto
Loucos Roucos
Com convidou-a

Conclusão do ponto de vista estilístico.
Valsinha é uma canção que pode ser considerada como um mini
conto. Sua história ocorre no pretérito, em um momento qualquer, e
chega a um tempo indeterminado com a exibição de uma sensível
mudança de estado. Para consolidar as ações e estabelecer marcas que
determinam seu intento, o eu-lírico narra na 3.ª pessoa, com verbos
enfáticos que consagram um gesto pragmático no tempo. Para isso, esses
sintagmas verbais se apresentam, quase que sempre, com as desinências
temporais nos pretéritos perfeito e imperfeito. Assim, “um dia” ele
“chegou”, “olhou” e convidou”. Chegou de maneira diferente do usual,
mudando o estado em que se encontrava, pois “costumava” agir de uma
maneira e passa por uma transformação, a ponto de externar seus
sentimentos incutidos e sufocados em “gritos roucos”, como não se
“ouviam” mais.
Para provocar a idéia de valsar, o autor vale-se de repetições como
“tanta dança”, “tanta felicidade”, “tantos beijos”, “tantos gritos”, criando
uma mistura de significados que provocam um verdadeiro “rodopio” na
percepção do leitor, até atingir seu intento. Outro importante detalhe a
ser observado é que os versos começam organizados e longos e, à
medida que o enredo vai tomando seu curso final, eles se encolhem e
incorporam elementos que nos remetem à idéia de estreitamento e
movimentos circulares, como se quisessem simular os movimentos de
uma valsa.
Seus recursos estilísticos são vastos. Do ponto de vista lexical, o
autor usa palavras que se assemelham, cujos pares residem na mesma
raiz, na tentativa de provocar o mesmo significado. Nesse sentido,
podemos dizer que Valsinha é a mais pura poesia, pois as palavras vão e
vêm provocando fortes sentimentos na sua interpretação.
Morfologicamente, as raízes das palavras também se fazem presentes,
mas com o uso de categorias diferentes dos verbetes. É o caso do verbo
“dançar” e do substantivo “dança”. Na relação morfossintática,
observamos que o grande paradigma fica por conta do sintagma verbal,
que ricamente se alterna em diversas situações. Nesse sentido, o
sintagma nominal ganha outras formas e age de maneiras diferentes,
destacando-se em importância no enredo. Os verbos se apresentam com
rigor e firmeza. Suas ações são decisivas. Às vezes eles mudam de
estado, passando de pretérito perfeito para imperfeito, para provocar
uma idéia de continuidade. É o caso de “costumava”.
Não é só na rica estrutura estilística que o poema é admirado. Do
ponto de vista semântico, Valsinha provoca uma grande surpresa. Com
metáforas ricas e invariavelmente “in absentia” (ausente), como podemos
observar em “seu vestido decotado”, o sentido figurado de suas
metáforas consolida-se em uma metáfora maior que enaltece o
movimento hippie da década de 70, em pleno regime de ditadura militar.
Esse movimento social não se sujeitava às imposições retraídas da
sociedade de então, permitindo a expressão de liberdade dos seus
seguidores, os quais usualmente viviam em grupos, preconizavam o
amor, aboliam a discriminação racial e faziam sexo livremente. Valsinha
exalta a liberdade dos integrantes desse movimento e a ousadia das
manifestações nas suas relações afetivas, até então reprimidas e
sufocadas na sociedade. A grande surpresa da canção fica por conta de
seu sentido metafórico. A idéia concebida de que se refere a um casal
apaixonado, deixa de ser tão importante para valorizar-se em uma
dimensão maior: a do engajamento social. Seu sentido é muito mais
global e universal, pois faz alusão a um movimento de caráter
revolucionário que ousou desafiar a sociedade tradicional da época e
contestar os valores e os padrões de seus regimes dominantes.

Os professores gostaram muito dessa releitura da música, muitos já a conheciam,mas nunca tinham parado para analisá-la.As discussões seguiram a cerca de como uma leitura bem planejada amplia a visão de mundo dos alunos.

Como proposta de trabalho a turma foi dividida em grupos para análise dos mesmos aspectos trabalhados em Valsinha, só que agora com a música Amor e sexo de Rita Lee,( percebe-se que o tema da oficina girava em torno do sexo, foi proposital, pois em conversas com os cursistas surgiu a necessidade de abordar esse tema em sala de aula,principalmente no turno noturno e levando-se em consideração o fato de os professores ainda não se sentirem à vontade para desenvolver essa temática )

Como a música tem uma melodia gostosa a leitura transcorre sem muito esforço.

Amor e Sexo
Rita Lee

Amor é um livro
Sexo é esporte
Sexo é escolha
Amor é sorte...
Amor é pensamento
Teorema
Amor é novela
Sexo é cinema..
Sexo é imaginação
Fantasia
Amor é prosa
Sexo é poesia...
O amor nos torna
Patéticos
Sexo é uma selva
De epiléticos...
Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão
Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval
Oh! Oh! Uh!
Amor é para sempre
Sexo também
Sexo é do bom
Amor é do bem...
Amor sem sexo
É amizade
Sexo sem amor
É vontade...
Amor é um
Sexo é dois
Sexo antes
Amor depois...
Sexo vem dos outros
E vai embora
Amor vem de nós
E demora...
Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão
Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval
Oh! Oh! Oh!
Amor é isso
Sexo é aquilo
E coisa e tal!
E tal e coisa!
Uh! Uh! Uh!
Ai o amor!
Hum! O sexo!

A socialização dos trabalhos foram fantásticos e daí surgiram sugestões de outros textos para trabalhar com os alunos, da mesma maneira que trabalhamos na oficina.Ficou acordado então que faríamos um banco de textos com a contribuição de todos.
“Com o GESTAR o sabor da leitura parece ter vindo pra ficar” esse é um depoimento da professora Rossana.

Demos uma paradinha para um delicioso almoço, um breve intervalo e logo voltamos.

Como após o almoço dá certa moleza,era hora da surpresa: Cada professor recebeu uma camisa do GESTAR, mas na embalagem, o nome estava trocado e assim, já que estávamos falando de ESTILO, cada um a seu estilo iria entregar a camisa.Teve declarações de amizade,elogios,definição de característica, enfim , foi divertido.
Tenho tido o cuidado de trabalhar a formação de modo que as pessoas se sintam reconhecidas, valorizadas, afinal um curso de formação continuada se não fizer a gente crescer enquanto ser humano, deixa uma lacuna.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Finalizando o TP 4 – 22/08

Um jeito novo de ler Drummond

Na Escola Éster Siqueira de Souza, onde os alunos não têm muita sede de leitura( como na maioria das escolas), ainda mais se essa leitura se tratar de textos literários, uma maneira dinâmica de ler poemas fez a diferença.
Ao trabalhar o poema Cidadezinha Qualquer de Carlos Drummond de Andrade a professora Carmelinda deu uma mexida nos alunos,explorou tão bem o texto que os alunos resolveram dramatizar e o que é melhor confeccionar o cenário e apresentar para outras turmas.
Já na Escola Manuel Rodrigues Arcoverde, a profesora Micheline propôs um recital e não é que os alunos declamaram,sem papel!!!
Emocionada Micheline exclamou:
_Meu Deus, meus alunos estão lendo Drummond!!!
Foi com esses relatos do Avançando na Prática que demos início ao 6º Encontro, quando finalizaríamos o TP 4. ( Esse TP deu pano pra manga)
Alguns registros da dramatização na Escola Ester Siqueira de Souza.

Após os relatos iniciamos o estudo da Unidade 16 lendo os objetivos das sessões:
1. Identificar crenças e teorias que subjazem às práticas de ensino da escrita;
2. Relacionar as práticas comunicativas com o desenvolvimento e o ensino da escrita como processo;
3. Identificar dimensões das situações sociocomunicativas que auxiliam no planejamento e na avaliação de atividades de escrita

Em seguida propus a leitura do texto Minhas não-férias objetivando uma reflexão sobre as aulas de redação e indagando se há diferença entre redação e produção textual.Foi uma boa conversa, com muitos desabafos, posso dizer assim, uma vez que há uma dificuldade muito grande em se trabalhar a produção de textos de forma significativa.É interessante perceber como os cursos de graduação ( e pós-graduação) não trabalham efetivamente com a escritura e (re)escritura de textos e ainda como os professores desejam se apropriar do assunto para que os alunos vejam sentido em produzir textos e para corrigirem, sem com isso desmotivá-los,mas sim fazê-los aperfeiçoar a escrita.

"Escrever para mim só tem sentido quando alguém lê o que escrevo. Um texto só se torna texto quando chega do outro lado, quando atinge o leitor e faz com que ele se sinta identificado com as palavras."
Clarice Casado

A partir dessa frase de Clarice Casado, autora do texto Minhas não-férias, que discutimos sobre ALGUMAS CRENÇAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO EO ENSINO DA ESCRITA.

A metodologia para dinamizar a discussão foi a divisão da turma em 4 grupos que iriam refletir e expor no grande grupo as observações e considerações sobre cada crença ou teoria abordada.

 A escrita é uma transcrição da fala;
 Só se escreve utilizando a norma padrão;
 Todo bom leitor é bom um escritor;
 Na escola escreve-se para produzir textos narrativos, descritos e dissertativos;

Finalizadas as discussões, que demoraram mais do que o previsto e eu considero esse extrapolar o tempo um ótimo sinal, pois é na troca de experiências que o grupo cresce e assim, quantos equívocos e mitos sobre a escrita foram exterminados e ainda quantas considerações relevantes foram feitas. Dentre elas:

A leitura e a escrita só serão significativas se fizerem sentido, disse a professora Célia ao relatar que precisou mudar o plano de aula por causa de um buraco que surgiu no caminho da escola, era o assunto do dia. Assim ela aproveitou e explorou o tal “buraco” pedindo que descrevessem, dessem uma solução para o problema, identificassem o responsável pela solução do problema. Foi uma aula proveitosa, completou ela.

Ainda sobre as crenças e teorias, refletimos sobre o dom (será que ele existe???) As opiniões divergem, mas o TP esclarece quando resume afirmando que “há pesquisas em andamento sobre o desenvolvimento de altas habilidades, mas o de que se tem certeza é que mesmo aqueles que apresentam facilidade na escrita e aqueles que se tornaram poetas, escritores, jornalistas, entre outras profissões que poderíamos citar, têm que trabalhar muito, entender seus objetivos, pesquisar sobre o tema que estão tratando, assim como sobre o gênero e outros elementos da situação sociocomunicativa e que para desenvolver a escrita precisamos ensiná-la e praticá-la.
Comentários feitos, passamos para a leitura do texto A redação e o dicionário de Lygia Bojunga Nunes.Esse texto nos fez refletir sobre o uso, muitas vezes equivocado, do dicionário e o quanto é importante saber utilizá-lo e que para isso é preciso ter objetivos claros e PLANEJAR, do contrário, a pesquisa não faz sentido e é aí que entra a Semântica.

É fundamental que os alunos compreendam que as palavras podem possuir mais de um significado e que é o contexto que vai determinar qual é o significado mais apropriado.
A redação e o dicionário
Lygia Bojunga Nunes

Se você fosse morar numa ilha deserta e distante e só poderia levar um livro pra ler
por lá, que livro você levaria?
Quando chegou a minha vez de responder a essa pergunta eu disse que, mesmo
não gostando de carregar peso em viagem, eu levava um dicionário da minha língua.
Mas eu só senti o gosto do dicionário quando eu comecei a escrever livro. E assim
mesmo, foi um gosto que veio vindo devagar.
Eu tive uma professora de português que achava impossível a gente viver sem um
dicionário perto. Eu não gostava da professora; ela tinha unha cumprida e pintada de um
vermelho meio roxo, quando ela escrevia no quadro volta e meia a unha raspava a
pedra. Que aflição! Mas não era por isso que eu não gostava dela não: eu tinha dois
motivos muito mais emocionais que a unha. O primeiro é que eu achava que ela tinha
tomado o lugar da professora anterior, que eu adorava; o segundo é que ela corrigia
timtim por timtim tudo que é redação que eu fazia. Usando caneta. E, pelo jeito, eu
cometia tanta barbaridade gramatical, que ela se via obrigada a reescrever a minha
redação quase que todinha. Com tinta vermelha.
Quando eu relia a minha escrita, assim toda avermelhada para um português
correto, eu sempre sentia a impressão esquisita que a minha redação tava fazendo careta
pra mim.
Mas eu nunca parei pra pensar por que eu sentia assim. Me lembro que eu ficava
chateada e pronto: esquecia a careta. E quando eu tinha de novo que fazer redação eu
me aplicava igualzinho: redação era o único dever que gostava de fazer.
A professora corrigia tintim por tintim outra vez. E a nota que ela me dava ficava
sempre em torno do 5. Ela justificava a dádiva com a seguinte observação: composição
imaginativa. Embaixo do FIM que eu botava sempre no fim da minha redação, ela
escrevia um lembrete (vermelho também):
“Habitue-se a consultar o dicionário.”
Não deu outra: me habituei a nunca abrir um dicionário.
[…]

E vem mais texto...

A proposta seguinte foi formar um grande círculo para realização da dinâmica da BOMBA.
Cada membro do grupo recebeu o texto “Chapeuzinho Vermelho de raiva” de Mário Prata.É um ótimo texto para trabalhar intertextualidade e temas como meio ambiente, industrialização e saúde, relacionamento entre avós e netos nos tempos passados e atualmente,cultura e ainda alguns aspectos gramaticais como diminutivos e aumentativos ( numa perspectiva de compreensão do valor semântico das palavras no grau diminutivo, que nem sempre indicam tamanho e sim grau de afetividade, como na palavra “netinha” e ainda ironia, como por exemplo na palavra “queridinha”,não mais dando uma lista de palavras para serem colocadas no diminutivo ou aumentativo, isso nossos alunos já sabem,não é mesmo?)


E a BOMBA? A bomba era um livro, que por sinal eu recomendo, cujo título é LEITURA E (RE)ESCRITURA DE TEXTOS subsídios teóricos e práticos para o seu ensino , da autora Maria Luci de Mesquita Prestes – Editora Respel.Esse livro tem ótimas sugestões e abordagens sobre produção textual.

Então... A bomba, digo o livro ia passando ao som da música cantada por nós:

“Eu sou o lobo mau, lobo mau, lobo mau
Pego as criancinhas pra fazer mingau.”

Só para lembrar da historinha de Chapeuzinho Vermelho da nossa época.
Quem estivesse com a bomba nas mãos quando chegasse na palavra mingau iria tirar de um saco uma pergunta sobre o texto e responder.

Eis o texto e logo em seguida as perguntas.

Chapeuzinho vermelho de raiva
Senta aqui mais perto, Chapeuzinho. Fica aqui mais pertinho da vovó, fica.
- Mas vovó, que olho vermelho... E grandão... Que que houve?

- Ah, minha netinha, estes olhos estão assim de tanto olhar para você. Aliás, está queimada, heim?

- Guarujá, vovó. Passei o fim de semana lá. A senhora não me leva a mal, não, mas a senhora está com um nariz tão grande, mas tão grande! Ta tão esquisito, vovó.

- Ora, Chapéu, é a poluição. Desde que começou a industrialização do bosque que é um Deus nos acuda. Fico o dia todo respirando este ar horrível. Chegue mais perto, minha netinha, chegue.

- Mas em compensação, antes eu levava mais de duas horas para vir de casa até aqui e agora, com a estrada asfaltada, em menos de quinze minutos chego aqui com a minha moto.

- Pois é, minha filha. E o que tem aí nesta cesta enorme?

- Puxa, já ia me esquecendo: a mamãe mandou umas coisas para a senhora. Olha aí: margarina, Helmmans, Danone de frutas e até uns pacotinhos de Knorr, mas é para a senhora comer um só por dia, viu? Lembra da indigestão do carnaval?

- Se lembro, se lembro...

- Vovó, sem querer ser chata.

-Ora, diga.

- As orelhas. A orelha da senhora está tão grande. E ainda por cima, peluda. Credo, vovó!

- Ah, mas a culpada é você. São estes discos malucos que você me deu. Onde já se viu fazer música deste tipo? Um horror! Você me desculpe porque foi você que me deu, mas estas guitarras, é guitarra que diz, não é? Pois é; estas guitarras são muito barulhentas. Não há ouvido que aguente, minha filha. Música é a do meu tempo. Aquilo sim, eu e seu finado avô, dançando valsas... Ah, esta juventude está perdida mesmo.

- Por falar em juventude o cabelo da senhora está um barato, hein? Todo desfiado, pra cima, encaracolado. Que qué isso?

- Também tenho que entrar na moda, não é, minha filha? Ou você queria que eu fosse domingo ao programa do Chacrinha de coque e com vestido preto com bolinhas brancas?

Chapeuzinho pula para trás:

- E esta boca imensa???!!!

A avó pula da cama e coloca as mãos na cintura, brava:

- Escuta aqui, queridinha: você veio aqui hoje para me criticar é?!

Mario Prata


As perguntas...

O que é desenvolver uma leitura com construção de sentidos?

Que pergunta(s) você faria aos seus alunos para o trabalho implícito do texto( inferências)?

O texto amplia a visão de mundo do aluno? Em que momento?

Após a exploração do texto, é possível fazer os alunos compreenderem uma cultura que talvez não seja a deles?

Que perguntas poderiam ser feitas para a percepção da intertextualidade?

Como desenvolver a criticidade dos alunos diante do contexto do texto?

Depois da leitura, interpretação e compreensão de texto que atividade de criação de um texto seria interessante?

No texto aparecem vários diminutivos. Como você trabalharia o grau do substantivo usando este texto?
Você considera esse trabalho como gramática contextualizada?

No texto há marcas de oralidade? Cite-as.

Como você trabalharia esse aspecto com os alunos com a finalidade de aperfeiçoar a língua?
Finalizada a dinâmica apresentei os slides sobre a decadência da música brasileira para que pudéssemos entender as mudanças, neste caso maléficas, na maneira de se expressar sentimentos e lidar com relacionamentos,pegando a deixa do texto lido anteriormente quando mostrava o relacionamento e a maneira de pensar da avó e da neta, especialmente quando a avó lembra das músicas de quando ela era jovem.

E pra descontrair nada melhor que Chico Bento.

Entreguei para os professores um texto muito engraçado: Chico Bento em “Os pés” - infelizmente não tenho essa HQ no meu computador e nem achei na internet, mas é mais ou menos assim:

A professora de Chico pede que a turma faça uma redação com um tema Hospedagem e Chico resolve então ler a produção dele para a turma, o que surpreende a todos.
E ele começa:

Os pé da gente
Os pé da gente são a parte do corpo qui serve pra andá i fazê a curva!
Quem tem dois pé é bípede,quem tem um é saci e quem tem mais di dois precisa di médico!Isto é se num for animar Ne?
Na natureza inziste vários tipo de pé!
Pé di fruta, pé di vento,pé d’água.
De todos os pé que inziste tem um que eu adoro:
É o pé-de-moleque im compensação o pior qui conheço é o pé no ouvido....

E por aí vai... Imaginem a cara da professora e a nota que o Chico ganhou.

O texto serviu para que, claro déssemos boas risadas, mas também para refletirmos sobre a didática da professora que deu ZERO a Chico, uma vez que ele entendeu Os pé da gente e não hospedagem, isso mostra que Chico não conhecia a palavra HOSPEDAGEM e para justificar a produção afirmou que a professora havia errado ao escrever no quadro, dizendo que ela esqueceu a sílaba TE e ainda escreveu tudo emendado, aí ele completou “Hospedagente” e elaborou o texto falando de tudo quanto era pé.

Foi unânime a opinião de que Chico não merecia ZERO, pois o tema “os pés”, como havia entendido tinha sido bem explorado e que a postura da professora foi lamentável, ela deveria ter valorizado a produção e depois fazer as observações sobre o tema pedido por ela.

É uma pena, mas ainda temos muitos professores iguais a de Chico...

Em breve foto da turma com a camisa do GESTAR II e depoimentos sobre como tem sido o trabalho nas turmas laboratório.

P.S. Vou tentar scanear o texto de Chico Bento e colocá-lo no blog do GESTAR PE, vale a pena fazer um trabalho com ele.