quarta-feira, 11 de novembro de 2009

10º Encontro


07/11

Concluindo o TP 1.

Após um bom tempo retornamos com os encontros do Programa, esse intervalo tão grande não ocorreu propositalmente. Acontece que o mês de outubro tem muitos feriados e muitas comemorações nas escolas, como por exemplo: semana da criança, Dia do Professor,funcionário público, enfim,foi um mês difícil de encaixai uma data para realização das oficinas do GESTAR e ainda tive que disponibilizar horários para atendimento individual por conta dos projetos e portfólios dos cursistas.

Mas apesar de tão longo intervalo, não encontrei frieza nos professores e foi interessante o clima de saudosismo que se estabeleceu nesse encontro, parece que o fato de ter acontecido o Seminário de Avaliação dos formadores mexeu com os professores, é como se estivéssemos em clima de despedida e não houve como evitar uma avaliação do GESTAR por meio de falas, pois os professores estavam realmente com vontade de comentar avaliando o quanto o GESTAR contribuiu para a melhoria da pratica pedagógica e ainda foi unânime a angustia quanto ao tempo escasso para realização das atividades, bem como das oficinas- quatro horas e meia não são suficientes para trabalhar duas sessões de um TP- disseram em uníssono.

Sou da mesma opinião dos cursistas, de fato o tempo é pouco para tanta informação, mas tentei tranqüilizá-los afirmando e prometendo que os vínculos continuarão e mesmo com o fim do curso, faremos encontros temáticos periódicos e ainda sugeri que eles realizassem oficinas com os colegas na escola onde trabalham, que assumissem o papel de formador e levasse como filosofia de vida a frase de Cora Coralina:
Feliz aquele que transfere o que sabe e
aprende o que ensina!”

Ficou acordado ainda que o planejamento didático anual de 2010 seja feito em conjunto e com base nos TPs e AAAs.Os professores de Língua Portuguesa que não participaram do formação serão convidados para discussão,seleção de textos e atividades e elaboração do plano anual das séries finais do Ensino Fundamental.Fiquei feliz com a idéia.

Bem mais deixando de lado o clima de despedida, até porque isso ainda está um pouco longe de acontecer, uma vez que ainda temos pelo menos mais cinco encontros pela frente e passemos para o que interessa: O estudo da sessão I da Unidade 2, cujos objetivos são:


1- caracterizar a norma culta;
2- caracterizar a linguagem literária;
3- caracterizar a língua oral e a língua escrita.

O texto que iniciou os estudos foi Babel é aqui: todas as línguas do português, em seguida fizemos comentários e passamos para a exibição dos slides sobre norma culta.

Outro texto interessante e também engraçado foi lido:Carta de Alfredão a Bertulino.Com essa leitura fizemos muitas reflexões sobre dialetos e idioletos, fazendo um paralelo com a fala dos nossos alunos.

Eis a proposta:

Leia a carta do Alfredão e discuta o problema de comunicação que houve porque os interlocutores não partilhavam o mesmo código.

Eis o texto:

Alfredão é um rapaz simpático, sociável e adora viajar. Numa de suas viagens ao interior, um inesperado acidente com o carro, obriga-o a ficar no mato. Por sorte, um fazendeiro socorreu-o, dando-lhe abrigo. Com o auxílio do fazendeiro, Alfredão pôde retornar à sua cidade. Já em casa, o moço felicíssimo pela ajuda que recebera, resolveu agradecer ao fazendeiro, através da seguinte carta:

“Paz e amor, bicho...você me amarrou na sua cara legal, muito barra- limpa. Achei jóia sua, quando sacou que eu estava na pior, com minha máquina transando no meio do mato, dentro daquele breu. O envenenamento do meu carango sempre me deixa baratinado e você ligou bacana, levando-me para o seu habitat. No dia seguinte, com colher de chá que você me deu com o seu trator, consegui emplacar no asfalto e batalhar firme uma carona até conquistar a metrópole.
Como não pudemos transar melhor, espero você para vir moitar uns dias comigo em minha lona legal, onde poderemos curtir fino papo com a turma ou transar com as doidonas das motocas, com suas calças apertadas e blusas transparentes.
Você poderá ir comigo para uma discoteca ou um inferninho e tenho certeza, adorará a onda do travoltismo.
Curtiremos um som jóia ou sacaremos umas minas no asfalto, para um programa bem legal. Fique na minha, você vai gamar.
Do chapa, Alfredão

Resposta do Bertolino:

Senhor Alfredão
Não entendi bulhufas de sua carta, é muita confusa e estou muito aborrecido por você começar me chamando de bicho, quando fui seu amigo sem o conhecer. Além do mais, devo dizer-lhe que sou macho pra burro. Se quiser eexperimentar, volte aqui, seu cachorrão. Não amarrei você em coisa alguma, o que fiz foi tratá-lo como gente civilizada. Se você achou alguma jóia aqui, deveria ter entregue à dona da casa. O que você praticou é caso de roubo. Outra coisa errada a sua, não tirei você de nenhum breu. Isso aqui não existe.
Acho que você está meio tantã. Também não lhe dei nenhuma colher de chá. Se por acaso você levou alguma coisa, que e pelo que eu senti, é costume em você, pode ficar com ela de recordação. Gostaria de saber quem foi o cretino que jogou veneno no seu carro, pois se foi algum empregado meu, vou mandá-lo embora. Aqui tem curtume e não vou sacrificar minhas aves para dar o papo você. Quanto a ir para o inferno com você, pode ir sozinho.
Sou muito religioso, inferno é feito para gente igual a você. O tal de negócios de minas e jóias não serve para mim. Nunca tive gosto nem tempo para bancar o garimpeiro. Também não sou marinheiro e não entendo de ondas.
Olha, moço, eu aqui sou muito conhecido e respeitado por todos. Pelo Juiz, pelo Padre, por políticos e pelo povo. Nunca alguém me chamou de bicho ou por outro nome de animais. Vê se me respeita, moço.

Bertolino

Eis o resultado da leitura:

Risooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooos....

Após esse momento de descontração e reflexão um pouco mais leve fizemos a leitura e discussão dos seguintes tópicos:

A norma culta não é melhor do que os outros dialetos: estes, tanto quanto a norma culta, cumprem perfeitamente sua função no ambiente em que são usados e com as pessoas desse ambiente.
2 – Aprender a norma culta é ter mais uma opção de uso da língua, importante em muitos momentos e ambientes. Quanto mais opções o sujeito tiver de uso da língua, mais ele vai poder atuar na sua comunidade e se desenvolver como cidadão.
3 – Ninguém deve ser discriminado por apresentar um comportamento lingüístico diferente do outro.

O próximo assunto abordado foi:O texto como centro das experiências no ensino da língua, cujos objetivos eram:
1 – conceituar texto ;
2 – indicar as razões do estudo prioritário de textos no ensino/aprendizagem de línguas;
3 – reconhecer os diferentes pactos de leitura dos textos.

Assim fizemos a leitura das páginas 99 a 102 e 116 a 120, dando ênfase ao quadro resumindo.

Chegou a hora de trabalhar com a INTERTEXTUALIDADE.

Objetivos:
Objetivos:
1 – identificar os traços da intertextualidade em nossa interação cotidiana;
2 – identificar os vários tipos de intertextualidade;
3 – identificar os pontos de vista nas diversas interações humanas..

O objetivo 2 foi o mais trabalhado, uma vez que com esse estudo seria melhor trabalhada as produções dos alunos.

Apresentei então os slides com os quadrinhos da Turma da Mônica que faziam alusão a contos de fadas e em seguida li para a turma o livro de Jessier Quirino, que foi um dos convidados desse encontro.

O livro tem um título que brinca, ou faz uma alusão a outro livro bem conhecido nosso.Ei-lo:
Chapéu mau e Lobinho Vermelho.

Na verdade Jessier Quirino faz uso de um tipo de intertextualidade ao qual se denomina pastiche, uma vez que nessa obra ele aproveita o clima e os recursos do conto infantil Chapeuzinho Vermelho para criar outro conto, porém podemos ainda dizer que houve também uma paródia, pois a narrativa foi subvertida e foram trabalhados outros valores diferentes e com temática atual-meio ambiente.
È um livro interessante, sem dúvida!

O próximo texto lido e dessa vez uma proposta de produção:


Após a leitura sugeri que em grupo os professores fizessem uma produção baseada em uma história da literatura infantil, o gênero ficaria a critério.

As produções serão postadas em breve.

Encerramos fazendo a leitura dos slides sobre intertextualidade, muito rapidamente , vale salientar.

E como é de costume outro convidado ilustre apareceu...

Era a hora de entrar em cena o baiano Xangai e a composição escolhida foi Marido preguiçoso.

Marido preguiçoso
Xangai
Marido se alevanta e vai armá um mundé
Prá pegá uma paca gorda prá nóis fazê um sarapaté
Aroeira é pau pesado num é minha véia
Cai e machuca meu pé e ai d´eu sodade
Marido se alevanta e vai na casa da sua avó buscá
A ispingarda dela procê caçá um mocó
E que no lajedo tem cobra braba num é minha véia
Me morde e fica pió e ai deu sodade
Entonce marido se alevanta e caçá uma siriema
Nóis come a carne dela e faiz uma bassora das pena
Ai quem dera tá agora num é minha véia
Nos braço de uma roxa morena e ai d´eu sodade
Sujeito te alevanta e vai na venda do venderão
Comprá uma carne gorda prá nois fazê um pirão
É que eu num tenho mais dinheiro num é minha véia
Fiado num compro não e ai d´eu sodade
Entonce marido se alevanta e vai na venda do venderim
Comprá deiz metro de chita prá fazê rôpa pros nossos fiim
Ai dentro tem um colchão véio num é minha véia
Desmancha e faiz umas carça prá mim e ai d´eu sodade
Disgramado se alevanta e deixa de ser preguiçoso
O homi que num trabáia num pode cumê gostoso
É que trabáia é muito bom num é minha véia
Mas é um pouco arriscoso e ai d´eu sodade
Entonce marido se alevanta e vem tomá um mingau
Que é prá criá sustança prá nóis fazê um calamengal
Brincadêra de manhã cedo num é minha véia
Arrisca quebrá o pau e ai d´eu sodade
Marido seu disgraçado tu ai de morrê
Cachorro ai de ti lati e urubu ai de ti cumê
Se eu subesse disso tudo num minha véia
Eu num casava cum ocê e ai deu sodade

A intenção foi voltar ao estudo da variações linguisticas, objetivando valorizar o “ dizido” nordestino.
9º Encontro
03/10
Iniciando os estudos do TP 1

Iniciamos o encontro com a exibição do vídeo Língua: Vidas em Português e posteriormente fizemos uma longa reflexão a cerca das variedades lingüísticas e os fatores que influenciam de maneira determinante nos “falares” dos usuários da língua.

Ainda é grande a insegurança de como trabalhar com as variedades linguísticas sem que se conceba o falar diferente como um desvio da língua e essa foi a questão na qual demoramos muito refletindo.

Finalizadas as discussões apresentei os objetivos da sessão I do TP e fizemos a leitura do texto de referência e em seguida do resumindo da página 27. Essa última leitura serviu para evidenciar a diferença entre dialeto e idioleto.

!. Relacionar língua e cultura
2.Identificar os principais dialetos do Português
3.Identificar os principais registros do Português.

Para aprofundarmos o assunto exibi os slides que demonstravam a diferença entre textos,de uma mesma temática,escritos por pessoas de níveis de estudo distintos.Foi quebrado aí a “seriedade” do encontro, pois até então as discussões deixaram os ânimos esquentados e a frase “Rapadura é doce MS não é mole não” serviu para fazermos comparações com a nossa missão de “ensinar Língua Portuguesa”, uma vez que, mesmo gostando de trabalhar com ela, percebemos que não é nada fácil mudar concepções e desfazer verdades engessadas.

Esse encontro não foi propriamente uma oficina, pois não teve proposta de produção, o TP exigia que discutíssemos a relação língua e cultura de forma aprofundada.

Encerrei as atividades com algumas considerações sobre os projetos em andamento, solicitando que os mesmos fossem concluídos até dois dias antes do Seminário de Avaliação a realizar-se em Gravatá.