quinta-feira, 8 de março de 2012

Crônica tirada de uma notícia de jornal.

Era madrugada quente, típica de uma madrugada de verão num país tropical. Quatro amigos andavam pela principal rua da cidade. Ali bem perto havia uma praça, onde namorados gostavam de ficar, mas já era tarde, estava tudo deserto. A cidade dormia menos os quatro amigos. O mais jovem de 19 anos era o mais entusiasmado de todos e o tempo todo instigava o restante do grupo a brincar com fogo. Literalmente.
Brincar com fogo sempre foi um terror para os pais, não há criança que não se sinta atraída pelas labaredas, pela fumaça, pelo calor do fogo, é perigoso e por isso atrativo, no entanto aqueles rapazes já não eram mais crianças e mesmo assim os seus olhos brilhavam com a possibilidade de brincar com fogo.
E assim seguiram combinando e dividindo a missão de cada um naquela madrugada. Um buscaria gasolina, o outro providenciaria fósforos, os outros dois aguardariam no lugar marcado. Minutos se passaram quando os dois rapazes chegaram trazendo o que foram buscar e então resolveram atear fogo. Mas onde? Será que queriam fazer um lual, com direito a violão e músicas românticas que certamente agradariam as moças em seus quartos com janelas que dão para praça.
Era comum nos anos 60 e 70 eventos como esses acontecerem, os boêmios como eram chamados os rapazes que faziam da madrugada seu palco e as estrelas sua plateia, enchiam as praças, as calçadas das enamoradas de melodias apaixonadas. Juventude saudável dirão muitos hoje em dia.
Mas voltando aos quatro amigos, o que pretendiam de posse da gasolina e de um maço de fósforos. Nada de mais, queriam apenas tocar fogo, ver as labaredas subirem, até aí tudo bem, não fosse a falta total de humanidade. Eles atearam fogo em dois moradores de rua, que dormiam sobre o teto de estrelas. Era apenas uma brincadeira...
Adriana Kelly